O combate ao racismo no Brasil sob a perspectiva jurídica e social
- Prates Rufato

- 27 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
O racismo é um dos desafios mais persistentes enfrentados pela sociedade brasileira. No contexto do Dia da Consciência Negra, celebrado pela primeira vez como feriado nacional em 20 de novembro de 2024, é essencial refletir sobre a importância do combate ao racismo e as medidas adotadas para alcançar a igualdade racial.

O Brasil, um país marcado pela miscigenação, ainda sofre com os efeitos do racismo estrutural, que se manifesta em áreas como educação, mercado de trabalho, segurança pública e acesso à justiça. O presente artigo analisa as políticas públicas e os instrumentos jurídicos para o combate ao racismo, destacando avanços, desafios e perspectivas.
Contexto Histórico e Jurídico
A Herança da Escravidão
Embora a escravidão tenha sido abolida em 1888, suas consequências permanecem evidentes. A exclusão social e econômica da população negra é um reflexo direto desse passado. Dados do IBGE indicam que, apesar de representarem mais de 56% da população brasileira, pessoas negras enfrentam os piores indicadores sociais, revelando a necessidade urgente de combate ao racismo e promoção da igualdade racial.
Marcos Jurídicos no Combate ao Racismo
O Brasil possui um robusto arcabouço jurídico para enfrentar o racismo:
Constituição Federal de 1988: Define o racismo como crime inafiançável e imprescritível (art. 5º, XLII).
Lei nº 7.716/1989: Tipifica os crimes de preconceito racial.
Lei nº 10.639/2003: Torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas.
Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010): Estabelece mecanismos para promoção da igualdade racial.
Esses dispositivos são essenciais no combate ao racismo, mas enfrentam desafios como a subnotificação de casos e a resistência institucional.
Dados Oficiais e Desafios na Prática
Relatórios do CNPIR e do Atlas da Violência reforçam a gravidade da situação:
77% das vítimas de homicídios são jovens negros.
Apenas 30% das denúncias de racismo resultam em ações judiciais.
A implementação de políticas públicas enfrenta dificuldades, desde a resistência social até falhas no monitoramento e fiscalização.
A Perspectiva Jurídica no Combate ao Racismo
A jurista Dra. Ivaneide Daumichen destaca três pilares fundamentais para o combate ao racismo:
Educação e ConscientizaçãoImplementar a Lei nº 10.639/2003 de forma mais abrangente e promover campanhas que desconstruam preconceitos.
Fortalecimento do Sistema JudicialCapacitar magistrados e agentes públicos para reconhecer e julgar casos de racismo com eficácia.
Políticas Afirmativas e ReparatóriasAmpliar iniciativas como cotas raciais e políticas de geração de emprego para promover a igualdade racial.
Propostas para Avançar no Combate ao Racismo
Com base nos dados e análises, algumas sugestões incluem:
Criação de Tribunais Especializados em Crimes Raciais.
Incentivos econômicos para empresas que promovem diversidade racial.
Monitoramento efetivo das políticas de igualdade racial por meio de tecnologia e transparência.
Conclusão
O combate ao racismo no Brasil exige uma abordagem integrada que combine educação, justiça eficiente e políticas públicas reparatórias. O racismo estrutural pode ser superado por meio de ações coordenadas entre governo, sociedade civil e sistema jurídico, promovendo, assim, a tão desejada igualdade racial.
Como destaca a Dra. Ivaneide Daumichen, o Direito é uma ferramenta essencial no enfrentamento das desigualdades raciais, mas sua eficácia depende de vontade política e engajamento social.




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